[Filme] Anticristo (Antichrist, 2009)

Sinopse: Um casal devastado pela morte de seu único filho se muda para uma cabana isolada na floresta Éden, onde coisas estranhas e obscuras começam a acontecer. A mulher é uma intelectual escritora que não consegue se livrar do sentimento de culpa pela morte do filho, e ele, um psicanalista, tenta exercer seu meio de trabalho para ajudar a esposa. Anticristo é divido em partes: Prólogo e Epilogo e ainda capítulos que se passam na floresta de Éden: Dor, Luto, Desespero e Os três Mendigos.

Fonte: Filmow



Comentem.

Diva, ainda não assisti esse filme, mas o assistirei em breve, afinal ele estava justamente no seu DVD que ficou dentro do meu Notebook. Aproveitei pra pegar ele e os demais, hehehe...

Dai quando eu ver dou meu parecer sobre ele aqui, precisamos criar mais tópicos sobre filmes. Estou adorando o fórum!

Beijosmil!

muita gente ficou puta quando Von Trier disse, na epoca do lançamento desse filme, que era o melhor cineasta do mundo (prepotencia reina), so que dando uma olhada nos seus ultimos 15 anos... sei não.
aqui ele nos presenteia com mais uma obra prima, O Anticristo (o filme é baseado na obra de Nietzsche) é aberto a diversas interpretações e embora conte com uma historia relativamente simples fica praticamente impossivel desvendar com precisão algumas cenas, principalmente as do terceiro ato, o que , claro, so faz com que o filme fique ainda melhor... so resta assistir e tirar suas proprias conclusões.. so um conselho, é gore mas não é hollywood tem que pensar MUITO!!

Mas ele tava sendo irônico quando falou isso.

Enfim, até onde sei esse filme não é exatamente baseado em O Anticristo, de Nietzsche, no sentido exato da palavra. Conta apenas com alguns princípios. Eu não gosto de Lars Von Trier e não tenho muita simpatia pelo filme, embora admita que é uma obra e tanto. Muita simbologia e muitas referências à Bíblia, à história medieval, etc. Por alguns textos que andei lendo por aí [porque eu mesma não consegui abstrair], o filme é uma puta crítica a como a religião com seus preceitos morais castra e molda o ser humano. Basicamente, O Anticristo seria uma forma de mostrar a natureza animalesca do ser humano, principalmente, da mulher: somente na natureza, é que ela mostra seu poder destrutivo. Contudo, nem sei se compreendi bem. E não estou a fim de voltar a ver esse filme. Ele é muito chato.

O que tenho contra o Lars Von Trier é o que muitos podem chamar de versatilidade. Eu chamo de falta de marca. Trier, pra mim, é desses sujeitos que querem dar conta do universo e tudo mais. Talvez seja esse o motivo de eu achar sua cinematografia tão difícil de entender. Não consigo ver traços nos filmes dele que me façam pensar: esse é um filme do Trier, não é de Bergman, nem de Wajda, nem de Scorsese, não, é de Trier. Isso não existe na cinematografia dele. Pelo menos, não pra mim. Um cara que faz um filme como Os Idiotas, praticamente funda o Dogma, aí faz filmes como Dançando no Escuro, musical dramalhão, e Dogville. Depois aparece com este O Anticristo? Sinceramente, muitos podem ver isto como versatilidade. Eu acho uma bobagem. Durante muito tempo me perguntei o que me desagradava nele: é isso. Seus filmes não me parecem "sinceros". É nesse sentido que acho o Lars um picareta.

E, aliás, quem quer dar conta de muita coisa, acaba fazendo besteira. Vi algumas críticas a este filme sobre como ele não é satisfatório naquilo a que se propõe. Eu ainda tenho que ver alguns filmes do Tarkovsky pra apreender a genialidade de Trier em O Anticristo.

Mas Trier conseguiu seu lugar ao sol. Acho que o poder de uma obra está em sua não unanimidade. Isso é o que acontece com O Anticristo. Rendeu, rende e ainda renderá muitas discussões e muitas leituras. Triste ficava o Buñuel quando um filme seu só recebia críticas positivas.

O proprio Von Trier falou da influencia do livro na obra (influencia alias que se faz presente o filme inteiro..) na coletiva de lançamento do filme em Cannes..
e quanto a "marca" de Von Trier, essa não so existe como grita, todas as suas protagonistas por exemplo possuem caracteristicas em comum e seu pessimismo quanto a natureza humana (do homem principalmente) e as "boas intenções" tambem esta presente em praticamente todas as suas obras. O problema é que ele não se prende a estilos, Von Trier ja fez drama, terror, comedia, musical (esse ano sai um filme catastrofe), e mesmo assim as "marcas" ja citadas continuam presentes, assim como Haneke e Scorcese por exemplo fazem o mesmo sem que seus filmes percam sua identidade...
E quando você diz que acha Von Trier um picareta é porque ele realmente o é.
Ele manipula o publico impedindo esse de tirar suas proprias conclusões(a excessão é o anticristo, eu acho), os filmes dele são dissertações, devem ser dissecados...
Mas e dai?!
Qual cineasta não faz isso em maior ou menor escala?
Haneke lançou essas mesmas questões quando fez violencia gratuita (o personagem narrador não so se dirigia diretamente publico como desfazia aquilo que não estava planejado).
Pra mim o fato de Von Trier permanecer tão visivel ao longo do filme e ainda assim instigar questões tão relevantes so faz dele um cineasta ainda melhor.

Anton Chigurh escreveu:O proprio Von Trier falou da influencia do livro na obra (influencia alias que se faz presente o filme inteiro..) na coletiva de lançamento do filme em Cannes...

Sempre digo que isso não tem muito a ver. Uma obra, depois de lançada, não pertence mais a quem fez.

e quanto a "marca" de Von Trier, essa não so existe como grita, todas as suas protagonistas por exemplo possuem caracteristicas em comum e seu pessimismo quanto a natureza humana (do homem principalmente) e as "boas intenções" tambem esta presente em praticamente todas as suas obras. O problema é que ele não se prende a estilos, Von Trier ja fez drama, terror, comedia, musical (esse ano sai um filme catastrofe), e mesmo assim as "marcas" ja citadas continuam presentes, assim como Haneke e Scorcese por exemplo fazem o mesmo sem que seus filmes percam sua identidade...

Vamos por partes, eu não falei em diferenças de gêneros. Pessimismo quanto à natureza humana não é característica exclusiva de Von Trier, bem como a sua forma de mostrá-lo. Também não vejo semelhança entre a personagem de Björk em Dançando no Escuro, a de Nicole Kidman em Dogville, ou Ele e Ela de O Anticristo. São personagens completamente diferentes.

E quando você diz que acha Von Trier um picareta é porque ele realmente o é.
Ele manipula o publico impedindo esse de tirar suas proprias conclusões(a excessão é o anticristo, eu acho), os filmes dele são dissertações, devem ser dissecados...
Mas e dai?!
Qual cineasta não faz isso em maior ou menor escala?

Expliquei porque o acho picareta. E não é por causa disso. É pela falta de marca que vejo nele. Se fosse pelo quesito manipulação, eu detestaria Haneke. E, no entanto, ele é um dos meus cineastas favoritos.

Haneke lançou essas mesmas questões quando fez violencia gratuita (o personagem narrador não so se dirigia diretamente publico como desfazia aquilo que não estava planejado).

Em Funny Games existe um claro propósito para que o personagem faça isso, que é da concepção do filme. Se você me perguntar porque o personagem usa um controle remoto pra voltar a cena no tempo e impedir determinados fatos, eu saberei dizer. Mas se você me perguntar por que cargas d'água Von Trier filmou Dogville daquele jeito, eu não vou saber mesmo. A única coisa que veio à mente é "gente, isso é um filme, não levem tão à sério". Tá, ok. Mas se for isso, ainda é pouco.

Pra mim o fato de Von Trier permanecer tão visivel ao longo do filme e ainda assim instigar questões tão relevantes so faz dele um cineasta ainda melhor.

Nem acho que signifique isso. Repare que não estou dizendo que ele não é bom, mas que não acho que um cineasta permanecer na boca das pessoas signifique que ele seja bom. Há excelentes cineastas iranianos, por exemplo, dos quais ninguém fala e ninguém discute. Não vou forçar as coisas aqui pra dar uma de underground, mas vejo muito também, e não digo que seja o seu caso, que há pessoas que curtem mais o hype que o diretor.

Sempre digo que isso não tem muito a ver. Uma obra, depois de lançada, não pertence mais a quem fez.

Spoiler:

Vamos por partes, eu não falei em diferenças de gêneros. Pessimismo quanto à natureza humana não é característica exclusiva de Von Trier, bem como a sua forma de mostrá-lo. Também não vejo semelhança entre a personagem de Björk em Dançando no Escuro, a de Nicole Kidman em Dogville, ou Ele e Ela de O Anticristo. São personagens completamente diferentes.

Sinceramente não entendo o que você quer dizer com "marcas". Pra mim marcas são caracteristicas especificas presentes na obra de um determinado diretor, não precisam ser exclusivas, so tem que ajudar a criar uma identidade para sua obra. E isso Von Trier tem de sobra, o pessimismo quanto a natureza humana e as "boa intenções" estão presentes em suas obras e ajudam sim a criar sua identidade. E ha sim semelhanças entre as suas protagonistas, desde ondas de paixão de 1996 praticamente todos os seus filmes tem como protagonista mulheres ingenuas que, diante de algum tipo de opressão (social, religiosa..) tem de enfrentar experiencias tragicas em suas vidas. Foi assim com Ondas de de Paixão, Dançando no Escuro, Dogville, Manderley e em parte com O Anticristo, e é merito de Von Trier criar filmes tão diferentes com enredos parecidos.

Durante muito tempo me perguntei o que me desagradava nele: é isso. Seus filmes não me parecem "sinceros". É nesse sentido que acho o Lars um picareta.

Expliquei porque o acho picareta. E não é por causa disso. É pela falta de marca que vejo nele. Se fosse pelo quesito manipulação, eu detestaria Haneke. E, no entanto, ele é um dos meus cineastas favoritos

Tambem não entendi o que você quis dizer com "sicero", achei que a picaretagem estava relacionada a manipulação mas se não é, a falta de marca é que não deveria ser..

Em Funny Games existe um claro propósito para que o personagem faça isso, que é da concepção do filme. Se você me perguntar porque o personagem usa um controle remoto pra voltar a cena no tempo e impedir determinados fatos, eu saberei dizer. Mas se você me perguntar por que cargas d'água Von Trier filmou Dogville daquele jeito, eu não vou saber mesmo. A única coisa que veio à mente é "gente, isso é um filme, não levem tão à sério". Tá, ok. Mas se for isso, ainda é pouco.

Mas é claro que Von Trier não ia se sabotar dessa forma, suas ideias são o mais importate! Há sim razões narrativas para que ele utilize um cenario "sem cenario", é preciso entender primeiro quais as mensagens que o filme passa, uma, por exemplo, é a de que é impossivel prever quando alguem vai cometer um ato de crueldade, mesmo conhecendo essa pessoa. Ora, o cenario de Von Trier é perfeito ao ilustrar isso ja que mesmo acompanhando os personagens no seu dia a dia, praticamente o filme inteiro, so ficamos cientes do seu lado mais cruel junto com a personagem de Kidman. Da mesma forma o cenario, ao mesmo tempo que nos ajuda a entender onde Von trier quer chegar tbm ajuda a intensificar alguns momentos,

Spoiler:

Pra mim o fato de Von Trier permanecer tão visivel ao longo do filme e ainda assim instigar questões tão relevantes so faz dele um cineasta ainda melhor.


Nem acho que signifique isso. Repare que não estou dizendo que ele não é bom, mas que não acho que um cineasta permanecer na boca das pessoas signifique que ele seja bom. Há excelentes cineastas iranianos, por exemplo, dos quais ninguém fala e ninguém discute. Não vou forçar as coisas aqui pra dar uma de underground, mas vejo muito também, e não digo que seja o seu caso, que há pessoas que curtem mais o hype que o diretor.

Quando eu disse permanecer visivel foi "ao longo do filme", não me referia a sua popularidade. Existe uma teoria que diz que os melhores filmes são aqueles que nos fazem esquecer que estamos vendo um filme, é uma das teorias das quais se baseia o cinema realista, representado por cineastas como os Irmão Dardenne entre outros.. Von Trier obviamente ignora a regra, fazendo com que nos importemos com personagens mesmo nunca esquecendo de que se trata de um filme (lembro agora da minha indignação com o sofrimento de Grace em Dogville e a vibração com o seu final), outros cineastas como Tarantino, Almodovar e Tim Burton
compartilham com Lars essa mesma característica sem, porem, alcançar os mesmos resultados. Era a isso que me referia.